Futuro | Cenários para a pecuária

Não só a população brasileira vem crescendo expressivamente a cada ano, como também o consumo de proteína animal. Somam-se a isso as crescentes exportações de carne bovina brasileira. Tudo isso demandará não somente uma maior produção de carne bovina, mas também uma maior produtividade, haja vista a concorrência com a carne de frango e a suína. Sem dúvida, essa meta já virou uma prioridade do governo brasileiro. O programa MAIS PECUÁRIA do Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento espera dobrar a produtividade com a previsão de aumento de 40% na produção em carne, visando atingir 300 milhões de cabeças em 2023. Contudo, haverá espaço para tanto frente à expansão agrícola e obrigação de recuperação do passivo código florestal? Aqui respondemos essa e muitas outras questões relacionadas ao setor, apresentando futuras opções para a pecuária no Brasil e, particularmente, na Amazônia. Com esse propósito, nosso estudo mapeia as oportunidades e quantifica o esforço necessário para a intensificação do sistema, visando buscar um desenvolvimento agrícola que seja economicamente e ambientalmente e sustentável.

Nossos estudos indicam que haverá um setor de cria-recria mais eficiente, embora desagregado. Esse sistema será divido em dois: os que adotam melhores práticas e com isso serão os grandes fornecedores aos confinamentos emergentes, e aqueles que a adoção de tecnificação não seria uma opção, restringindo-se a fornecer carne com menor padrão para o mercado regional. Haverá número crescente de confinamentos, com fração significativa de animais terminados nesse sistema. Ao mesmo tempo, haverá muitas outras operações de confinamentos menores como parte de estratégias de diversificação de fazendas de pecuária. Haverá várias formas de intensificação, incluindo integração lavoura pecuária, semi-confinamento, sistemas silvopastoris e semi-extensivo com suplementação alimentar. Nós veremos um vasto melhoramento através de processos simples e já acessíveis, como nos exemplos de inseminação artificial, manejo de pastagens, estação de monta, e melhoria fitossanitária. Principais variáveis a serem melhoradas são o índice de fertilidade e a menor idade e mais peso no abate. Do lado do produtor, será preciso desenvolver a melhor gestão da propriedade. Por fim, serão necessárias políticas públicas que facilitem acesso à informação e tecnologia e que fortaleçam um mercado equilibrado, idealmente no qual não haja manipulação de preços por um oligopólio de frigoríficos e atravessadores.

Modelagem de cenários

Nossas projeções focam na pecuária de corte. São três cenários modelados para o ano de 2030/2031: Tendencial que assume a tendência histórica; Conservador que se desenvolve sob um prognóstico pessimista da conjuntura econômica nacional e o Inovador com forte tecnificação visando maior produtividade e consequentemente menor crescimento do rebanho.

Cenários para o Brasil

O cenário inovador projeta para o Brasil um rebanho com 253 milhões de cabeças em 2030. Bovinos terminados em confinamento serão 14,7 milhões, o que representará 44% do total de machos abatidos. O semi-intensivo terá 7,8 milhões abatidos. Já o extensivo chegará a 11 milhões de cabeças.

Cenários para a Amazônia

Sob o cenário Inovador, os estados da Amazônia apresentam potencial de crescimento do setor pecuário, com capacidade de aumento dos índices produtivos em sistemas integrados de baixo carbono que beneficiam a economia regional e nacional com impacto no desenvolvimento da região, sem precisar com isso expandir as pastagens.

Cenários para os Estados

As projeções de crescimento da pecuária de corte nos três cenários modelados para cada estado da Amazônia demonstram o impacto da intensificação do sistema nos índices produtivos da pecuária de corte , mas elas são diferentes de acordo com o potencial produtivo e de mercado de cada estado.

Financiamentos para pecuária

R$ 37,3 bilhões de reais foram investidos em custeio e comercialização da atividade da pecuária em 2013, o que representou 27% do valor total do PLANO SAFRA do mesmo ano. Dentre os principais programas de financiamento ao pecuarista, encontram-se o Programa ABC, o Programa INOVAGRO e o Programa MODERAGRO.

Investimentos em intensificação

Investimentos necessários na pecuária de corte para o alcance das metas do cenário Inovador incluem formação, manutenção, adubação e manejo de pastagens, suplementação nutricional estratégica, bem como técnicas necessárias aos manejos reprodutivo e sanitário, melhoramento genético, melhor gestão administrativa e treinamento de mão obra especializada.

Barreiras a serem vencidas

Principais barreiras a serem vencidas são: 1) amortização do preço da carne entre o mercado e o produtor devido ao oligopólio de frigoríficos; 2) falta de assistência rural ao pecuarista e carência de mão de obra qualificada e 3) gestão técnica e administrativa ineficiente do empreendimento rural.

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