Uma das tendências mais importantes na criação de gado no Brasil nos últimos anos tem sido o aumento da tecnologia de confinamento para engordar o gado com menos tempo para o abate. Essa tendência é particularmente evidente no estado do Mato Grosso, que tem o maior rebanho bovino de corte no Brasil, com 28 milhões de cabeças, e o maior rebanho confinado do país, com 1,2 milhões de cabeças.
Sob o cenário tendencial, o Mato Grosso deverá abater, em 2031, 2,8 milhões de cabeças em sistema de confinamento, representando um crescimento de 162,4% em relação ao ano de 2012. Como resultado, mais de 60% do total de machos abatidos no estado seria por confinamento. Ainda nesse cenário, a produção de arrobas atingiria 6,43 @/ha/ano (ver tabela) (ver figura). As pastagens, que hoje totalizam 24,8 milhões, reduziriam para 21,7 milhões. A participação dos animais acima de quatro anos se estenderia até 2025.
No cenário inovador, o maior nível de intensificação da pecuária de corte no estado do Mato Grosso permitiria projetar uma produção de 9,74 @/ha/ano, apesar de um rebanho de apenas 33,7 milhões de cabeças em 2031. Nesse cenário, haveria uma forte redução de pastagem para 14,3 milhões de hectares em 2031, devido à expansão da soja e do milho, mas também incentivada para acomodar a recuperação do passivo ambiental de 6,4 milhões de ha. A possibilidade de abaixar o custo da arroba produzida com sistemas mais tecnificados no estado está aliada à melhoria da logística e facilidade na compra dos insumos. No cenário inovador, em 2031, haveria 3,36 milhões de cabeças abatidas oriundas de sistemas intensivos (confinamento), passando a representar 70% do total de animais abatidos. A redução da idade de abate é evidente e a participação dos animais acima de quadro anos seria eliminada já em 2022, quatro anos mais cedo se comparado ao cenário tendencial.
Variação do rebanho total, produção de arrobas por hectare (@hectare), produção de carne em kg de equivalente carcaça, lotação (cabeças/hectare e unidade animal/hectare), área de pastagem e número de machos abatidos por sistema de produção no estado do Mato Grosso, entre os anos 2012/2031, nos cenários Conservador, Tendencial e Inovador
*milhões.
Indicadores 2012 2031
Conservador Tendencial Inovador
Rebanho total cabeças (mi) 28,7 39,8 39,9 33,7
Produção de @/hectare 2,05 5,57 6,43 9,74
Kg de equivalente carcaça produzido (mi) 0,98 1,56 1,66 1,65
Lotação - cabeças/hectare 1,16 1,67 1,84 2,36
Lotação - UA/hectare 0,8 1,17 1,28 1,81
Área de pastagens hectares (mi) 24,8 23,8 21,7 14,3
Machos abatidos por sistema de produção (cabeças): 2012 2031
Conservador Tendencial Inovador
Intensivo (mi) 1,1 1,97 2,88 3,36
Semi-intensivo (mil) 614 850 934 844
Extensivo (mil) 757 1,41* 675 194
Por outro lado, o cenário conservador para o estado do Mato Grosso não aproveita todo o seu potencial de intensificação, ainda que apresente bons índices zootécnicos em 2031, como a produção de 5,57 @/ha/ano e uma lotação de 1,17 UA/ha. Em 2031, apenas 1,97 milhões de cabeças seriam abatidas em sistemas intensivos, representando uma variação de apenas 79,3%, se comparado a 2012. Inferior, portanto, ao crescimento estimado para os cenários tendencial e inovador, cujos valores são 162,4 e 205,4%, respectivamente. Embora a maior parte dos machos abatidos, cerca de 50% do total, ainda seja proveniente de sistemas intensivos, esse valor é inferior às projeções dos cenários tendenciais e inovador. Por fim, a participação de animais acima de quatro anos continuaria até 2031.