futuro_2Não só a população brasileira vem crescendo expressivamente a cada ano, como também o consumo de proteína animal. Somam-se a isso as crescentes exportações de carne bovina brasileira. Tudo isso demandará não somente uma maior produção de carne bovina, mas também uma maior produtividade, haja vista a concorrência com a carne de frango e a suína. Sem dúvida, essa meta já virou uma prioridade do governo brasileiro. O programa MAIS PECUÁRIA espera dobrar a produtividade com a previsão de aumento de 40% na produção em carne, visando atingir 300 milhões de cabeças em 2023. Contudo, haverá espaço para tanto frente à expansão agrícola e obrigação de recuperação do passivo código florestal? A esse respeito, espera-se que a expansão agrícola avance em mais de 37 milhões ha até 2030; adicione a isso pelo menos 60% do passivo ambiental a ser recuperado de 24 Mha e chegamos a cerca de 46 milhões de ha que deverão ser reduzidos das pastagens para que não haja necessidade de novos desmatamentos.

Essa redução de área da pecuária não é uma meta fácil. Nesse aspecto, nossas projeções quantificam o esforço necessário para a intensificação do sistema, visando conciliar as metas de desenvolvimento rural com as de conservação ambiental. Espera-se que a inclusão de tecnologias e estratégias que intensifiquem o sistema permitam um aumento da produtividade aliado ao maior retorno econômico e, consequentemente, aumento do valor bruto da pecuária de corte no país.

Para tanto, o melhor cenário (cenário inovador) projeta um menor crescimento do rebanho, com aproximadamente 253 milhões de cabeças em 2030, mas com maior produção. Deverá então ocorrer uma maior quantidade de bovinos terminados em confinamento (14,7 milhões de cabeças), com crescimento de 279%, o que representará 44% do total de machos abatidos no Brasil em 2030. Por sua vez, o componente semi-intensivo, com o uso de semiconfinamento, representará um aumento de 86% (7,8 milhões de bovinos machos abatidos) (ver figura). Já o extensivo, no qual há pelo menos a suplementação proteica e mineral na época da seca e mineral nas águas reduzirá em 15% o número de animais abatidos, chegando a um total de 11 milhões de machos (ver tabela). Essa intensificação aumentará a produção de carne (em quilos de equivalente carcaça) para 12,4 milhões de toneladas a partir de uma produtividade de 5,82 arrobas por hectare ao ano (@/ha/ano), resultando em uma lotação média de até 1,02 UA/ha ou 1,46 cabeças/ha (ver figura). Dessa forma será possível atingir as metas de produção de carne do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011), mesmo com um rebanho menor do o projetado pelo MAPA.

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pasto

Variação do rebanho total, produção de arrobas por hectare (@hectare), produção de carne em kg de equivalente carcaça, lotação (cabeças/hectare e unidade animal/hectare), área de pastagem e número de machos abatidos por sistema de produção no Brasil entre os anos 2011/2030, nos cenários Conservador, Tendencial e Inovador

Indicadores2011 2030 
ConservadorTendencialInovador
Rebanho total – cabeças (mi)212286303253
Produção de @/hectare3,294,485,055,82
Kg de equivalente carcaça produzido (mi)8,7611,412,612,4
Lotação - cabeças/hectare0,911,311,441,46
Lotação - UA/hectare0,650,9311,02
Área de pastagem – hectares (mi)229218210174
Machos abatidos por sistema de produção (cabeças):20112030
ConservadorTendencialInovador
Intensivo (mi)3,885,4510,314,7
Semi-intensivo (mi)4,166,057,887,72
Extensivo (mi)12,719,416,110,8

Com a intensificação dos sistemas, torna-se necessário o uso de animais de melhor genética (seleção e cruzamento), que possam ser abatidos mais jovens e apresentem carcaça pesada (acima de 18 arrobas) com o mínimo de acabamento de gordura exigida pelos frigoríficos. É desejável, portanto, uma diminuição do número de cabeças de animais com idade acima de quatro anos ou mesmo o desaparecimento desta categoria, o que beneficia o sistema como um todo, já que além de melhoria na qualidade do produto final, o abate de animais mais jovens aumentaria os índices produtivos, encurtando o ciclo da pecuária na fazenda e aumentando o retorno do capital.