Em um sistema de produção de vacas de corte, o objetivo principal é o desmame de um bezerro/ano/matriz. Rebanhos de gado de corte, ao contrário de gado leiteiro, devem apresentar estações definidas para o acasalamento, parição e desmame. A partir da adequação de épocas de acasalamento, parição e desmame, pode-se aumentar a eficiência reprodutiva, fazendo-se coincidir a época de maiores necessidades nutricionais das vacas com maior produção de forragem em qualidade e quantidade.
Para que uma vaca produza um bezerro por ano, considerando o período de gestação fixo de 280 dias, é necessário que esta vaca conceba novamente em até no máximo 85 dias após o parto (280 + 85 = 365 dias). Nesse sistema produtivo, quanto mais cedo a vaca parir dentro da época de parição pré-estabelecida, maiores serão suas chances de repetição da prenhêz. A fertilidade do rebanho é, portanto, fator primordial na eficiência produtiva de vacas de corte e depende de fatores como a nutrição, sanidade, manejo, fertilidade individual e relação de touros, entre outros.
As necessidades energéticas de vacas de cria podem ser divididas em ordem prioritária para a manutenção, lactação, ganho de peso e condição corporal e reprodução. Em outras palavras, se a vaca for mantida em nível nutricional que permita apenas a manutenção, o reflexo primário será a inibição da atividade reprodutiva. Por isso outros nutrientes, além dos energéticos como proteína, macro e microminerais e vitaminas, são fundamentais para o desempenho reprodutivo.
O peso dos bezerros e a taxa de desmama influenciam diretamente na eficiência da criação quando esta é avaliada em termos de kg de bezerros desmamados/vaca/ano ou do consumo de energia da vaca e do bezerro em relação aos quilogramas de bezerro produzidos. Trabalhos realizados na Embrapa Gado de Corte (CNPGC) em pastagens de Brachiaria decumbens com lotação de 1,25 vaca/hectare, em solo corrigido com 2,5 toneladas de calcário dolomítico e 500 kg da fórmula 05-20-20 por hectare, somente no primeiro ano, mostraram manutenção da produção de bezerros durante quatro anos de avaliação (ver tabela). A produção média anual (1997 a 2000) foi 192 kg de bezerros por hectare, enquanto em condições de pastagens degradadas estes números podem chegar a 35 kg de bezerros por vaca/hectare/ano.
Desempenho reprodutivo das vacas e taxas de mortalidade, no período de 1996 ao ano 2000, avaliados em pastagens corrigidas e adubadas
1996/97 | 1997/98 | 1998/99 | 1999/00 | Média | |
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Vacas expostas (No.) | 119 | 120 | 116 | 113 | 117 |
Taxa prenhez (%) | 88,2 | 90,8 | 91,4 | 79,7 | 87,5 |
Taxa natalidade (%) | 84,0 | 87,5 | 87,1 | 68,1 | 81,7 |
Taxa desmama (%) | 82,4 | 80,8 | 82,8 | 62,8 | 77,2 |
Mortalidade de bezerros (%) | 2,0 | 8,0 | 5,0 | 8,0 | 6,0 |
Mortalidade de adultos (%) | 0,7 | 0,7 | - | - | 0,4 |
No cenário atual da pecuária de baixo índice reprodutivo, deve-se priorizar o número de bezerros desmamados por vaca. Ao ser intensificado o sistema de produção, atendidos os índices de maior percentual de desmama, o maior peso à desmama se torna fundamental. Ter bom peso à desmama, independentemente do sexo, e ser bom ganhador de peso pós-desmama são requisitos importantes para se atingir mais rapidamente o peso de abate com terminação adequada, o peso à puberdade e a menor idade ao primeiro serviço.
Nesse aspecto, a produção de leite das vacas é fator importante na bovinocultura de corte. A maior parte dos nutrientes ingeridos pelos bezerros nos primeiros meses de vida é suprida pelo leite materno. Vacas Nelore atingem a máxima produção (4,7 kg/dia) nos primeiros 30 dias de lactação, sendo que a produção permanece estável até os 90 dias, quando declina rapidamente até atingir a produção diária de 2,7 kg aos cinco meses.