A integração da agricultura com a pecuária pode resultar em melhorias técnicas e econômicas nos sistemas de produção. Nesse sentido, a expansão agrícola tem promovido a substituição da atividade pecuária pela agricultura, especialmente em regiões com aptidão para agricultura mecanizada. Isso se deve aos maiores investimentos e à maior adoção de tecnologias pela agricultura.

Os problemas de queda de produtividade das pastagens são também observados em lavouras convencionais quando essas estão em fase de “degradação”, ou seja, sofrendo uma queda de produção devido ao cultivo sucessivo, por vários ciclos, da monocultura em questão. O processo de degradação pode ser observado na prática pela presença de plantas daninhas, erosões e voçorocas, dentre outros. O consórcio das atividades aparece então como alternativa viável.

A integração pode ser realizada para promover a renovação de pastagens degradadas e o estabelecimento de pastagens recém-formadas. Os mais diferentes nomes querem essencialmente dizer a mesma coisa para os sistemas de ILP. O “Sistema Santa Fé”, por exemplo, integra o cultivo de graníferas a forrageiras. Geralmente são cultivadas de uma a duas culturas solteiras (início das chuvas: milho, soja, arroz) por ano, além de uma na safrinha (milho sorgo ou milheto), fazendo o consórcio de uma cultura precoce com uma forrageira (Ex: Brachiaria brizantha).

Desse modo, a ILP favorece a troca de espécies de plantas cultivadas, propiciando a rotação de culturas e permitindo a utilização residual de uma espécie em benefício da outra. As principais vantagens associadas à atividade são a manutenção das propriedades físicas e químicas do solo, a quebra do ciclo de doenças e pragas, a redução na população de plantas daninhas, a redução do uso de defensivos agrícolas e o aumento da rentabilidade do agricultor. Como resultado, há aumento da taxa de lotação animal, melhoria na fertilidade e produtividade do solo, otimização do uso de maquinário e mão de obras e diversificação das fontes de renda, além da diminuição da erosão.

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Para entender como funcionam os princípios da ILP é necessário compreender seu raciocínio. Primeiramente, o intuito do sistema seria trazer sustentabilidade econômica ao produtor rural para que ele continue explorando o solo de forma racional, lucrativa e conservacionista. O sistema de ILP proposto visa à recuperação dessas pastagens degradadas, recompondo-se por meio do sistema produtivo de grão e carne. A pastagem é considerada degradada quando ela produz menos de 40% do que poderia produzir em condições ideais de fertilidade do solo, de manejo e de precipitação pluviométrica. Já o solo degradado é aquele que apresenta alta acidez, baixa fertilidade e superfície erodida por um ou mais processos de erosão.

Uma das principais causas da degradação das pastagens é a redução da fertilidade do solo em razão da perda de nutrientes no processo produtivo, por exportação no corpo dos animais, erosão, lixiviação, volatilização, fixação e acúmulo nos malhadores. Essas perdas podem chegar a 40% do total de nutrientes absorvidos pela pastagem em um ano de crescimento, provocando empobrecimento continuo do solo e redução no crescimento das pastagens a uma taxa de aproximadamente 6% ao ano.

Na exploração agrícola de um ecossistema, a matéria orgânica é a responsável pela manutenção da micro e meso vida no solo, sendo a bioestrutura e a produtividade do solo baseadas em sua presença. Possuidora de em média 57% do carbono, ela é formada em parte por restos de vegetais e animais. Para um ecossistema em equilíbrio, o teor de matéria orgânica do solo é constante devido à taxa de incorporação de restos orgânicos e à decomposição de microrganismos. Isso confirma a necessidade de integrar a agricultura com a pecuária em um sistema de produção para ativação desta flora microbiana, por meio de cobertura morta fornecida principalmente pela pastagem e do nitrogênio fornecido pelos restos culturais da soja.

O sistema de plantio direto (SPD) é o sistema mais eficiente no controle das perdas de solo e água. Nesse sistema, as perdas de solo são da ordem de 0,79 t/ha/ano, o que representa sete vezes menos que o sistema grade pesada mais grade niveladora. As perdas de água no mesmo período foram da ordem de 27 mm/ano, o que corresponde a quatro vezes menos que o sistema de grade pesada mais niveladora. Essas perdas no sistema de plantio direto se estabilizaram no SPD a partir do quarto ano, enquanto no sistema de grade aumentaram uniformemente com o tempo. Dos nutrientes extraídos pela pastagem durante o ano, cerca de 80% a 85% retornam ao solo, sendo apenas 9% de N, 10% de P e 1% de K retidos na carcaça do animal. É a erosão, portanto, que retira do solo 90% dos nutrientes absorvidos por uma pastagem. Assim se conclui que o SPD sobre pastagens, com controle da erosão, oferece maior estabilidade ao sistema ILP.

Sistemas Silvipastoris (SSP)

Os sistemas silvipastoris (SSP) podem ser considerados como um subsistema de ILP. Eles são modalidades de sistemas agroflorestais (SAF’s), pois integram produção de animais e plantas forrageiras com árvores. Em certas ocasiões, eles ainda podem integrar a agricultura, sendo denominados sistemas agrossilvipastoris.

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Os SAF’s são sistemas complexos, pois além de apresentarem um microclima ímpar, apresentam aspectos relacionados à transmissão da energia luminosa, adaptações morfofisiológicas das forrageiras, manejo da água, interação das populações microbianas do solo e efeitos de competição entre as culturas, tudo atuando sistemicamente por um longo período de tempo. Logo, os benefícios desses sistemas multidisciplinares são de caráter ecológico, social e econômico, o que faz com eles sejam apontados como alternativa para o agronegócio, especialmente para pequenos produtores que necessitam de maior diversificação da sua renda.

Os princípios de conservação para os SSP’s são os mesmo para o SPD e ILP. O componente arbóreo também atuaria diminuindo a erosão e, consequentemente, a degradação do componente forrageiro, principalmente por reduzir o impacto da chuva sobre o solo e a velocidade dos ventos. Além disso, interações microrrízicas ou da microbiota em geral do solo atuam no seu enriquecimento, aumentando sua fertilidade.

A escolha das espécies forrageiras e arbóreas deve levar em conta, além dos aspectos técnicos, os produtos pretendidos e os mercados regionais (ou seja, a demanda por produtos). Primeiramente, as copas das árvores pretendidas devem permitir que a luz penetre no sub-bosque para não prejudicar o desenvolvimento da forrageira. O espaçamento deve ser suficiente para formação de cobertura vegetal pastejável e a orientação de plantio das árvores deve maximizar os recursos luminosos. Desse modo, o plantio no sentido leste-oeste proporciona maior insolação, especialmente nas entrelinhas. As espécies forrageiras mais utilizadas são as dos gêneros Brachiaria, Panicum, Angdropogon, Cynodon, algumas gramíneas anuais (azevém e aveia) e leguminosas. Porém os melhores resultados foram encontrados com a utilização do Panicum maximum, da Brachiaria decumbens e da Brachiaria brizantha.

Existem cinco razões para arborização de pastagens: pressão de implementação de boas práticas; marketing ambiental, crescente mercado de madeira plantada; ambiência animal, busca de produtos diferenciados e agregação de renda. As árvores assumem um papel complementar ou suplementar da pecuária, podendo servir tanto como proteção aos animais como, em um segundo momento, incrementar a renda da propriedade.

De fato, os sistemas silvipastoris têm como uma de suas maiores qualidades o aumento do bem-estar animal pela provisão de sombra. Além de possibilitar ao animal proteção (de altas e baixas temperaturas, e do vento) e por aumentar o conforto, ele ajuda na melhoria da produtividade. Quando o animal fica sujeito a temperaturas superiores à sua tolerância, a primeira resposta é a redução da ingestão de matéria seca e a consequente diminuição da produção. Evidentemente, haverá tanto maior benefício na oferta de sombra quanto mais quente for o clima do local em questão.

SSPs permitem também a mitigação ambiental. Por exemplo, sistemas de ILPF, com 250 a 350 árvores de eucalipto/ha, para corte aos oito e doze anos de idade, são capazes de produzir 25 m3/ha/ano de madeira, o que corresponde a um sequestro de aproximadamente 18 t/ha de CO2eq por ano. Este valor equivaleria à neutralização da emissão de GEEs de 12 bovinos adultos/ano.

Uma comparação entre monoculturas de árvores, monoculturas de pastagem e pastagem arborizada com 250 e 456 árvores por hectare concluiu que as melhores taxas internas de retorno do investimento foram obtidas pela pastagem arborizada, superando a renda líquida obtida nas monoculturas. Uma outra avaliação de iLPF com eucalipto em comparação com ILP concluiu que que os sistemas de iLPF exigem maior investimento para implantação e, muitas vezes, apresentam fluxo de caixa líquido negativo, dada a esperada queda na produção de carne em virtude do componente florestal. No entanto, as receitas geradas pelo componente florestal a longo prazo resultam em retornos do capital investido, obviamente dependendo do mercado regional de madeira ou carvão.