Em um policy brief, estudantes da Pós-Graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais da UFMG discutem como o estado de Minas Gerais pode atuar para reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) por meio de políticas públicas para o setor de resíduos sólidos e ainda obter retorno financeiro. Suas análises indicam que medidas já conhecidas, como o aproveitamento energético em aterros sanitários, compostagem e reciclagem, seriam as mais eficientes para auxiliar o cumprimento dos compromissos climáticos do estado.

Apenas em 2019, Minas Gerais gerou quase 7 milhões de toneladas de resíduos sólidos e esse setor é o que, historicamente, apresentou maior crescimento nas emissões. Desde 1990 até o ano de 2019, as emissões do setor dobram e a tendência é de um crescimento ainda maior nos próximos anos, impulsionado pelo aumento da população.

Embora o setor ainda represente uma pequena fatia do total de emissões do estado, ele é fundamental para cumprir com o compromisso firmado por Minas na campanha das Nações Unidas Race to Zero de zerar as emissões líquidas até 2050. Atualmente, com o Plano Estadual de Saneamento Básico de Minas Gerais – que inclui manejo de resíduos sólidos – em fase de elaboração, não há melhor oportunidade de se pensar políticas sobre o assunto.

Para tanto os estudantes apresentam como caminhos já conhecidos teriam impacto na redução das emissões do setor, enfatizando a necessidade de transformá-los em políticas públicas estaduais. Utilizando uma metodologia chamada curva de custo marginal de abatimento (MACC), elas demonstram que as quatro ações analisadas – reciclagem, compostagem, logística reversa e aproveitamento em aterros sanitários – trariam retorno maior do que os cursos dos investimentos necessários para implantá-las.

O projeto de implantação em larga escala de operações para o aproveitamento energético do biogás gerado nos aterros sanitários, por exemplo, apesar de apresentar menor retorno financeiro, é a ação que mais tem potencial na redução de CO2e, cerca de 2 milhões toneladas até 2030. Já a compostagem, a segunda ação com mais impacto sobre a redução das emissões, seria responsável pelo aproveitamento da maior parte do resíduo orgânico produzido no estado.

A reciclagem apareceu em terceiro lugar entre as medidas com maior potencial de redução das emissões e, além diminuir a quantidade de resíduos enviados aos aterros, aumentando sua vida útil, evita a utilização de recursos primários para a fabricação de novos produtos, economizando energia e recursos.

“O estudo evidenciou o potencial e a relevância de medidas de redução de emissões de gases de efeito estufa no setor de resíduos sólidos não apenas para o posicionamento de Minas Gerais na mitigação das mudanças climáticas, mas também como políticas que poderão proporcionar retorno financeiro ao estado”, aponta Cláudia Albuquerque, uma das autoras. “Entretanto, para garantir a efetividade dessas ações, é necessário que a implantação ocorra dentro de um planejamento estruturado a partir de metas de curto, médio e longo prazo em linha com as demandas sociais e o contexto e desafio dos diferentes municípios”, completa.

Argemiro Teixeira Leite Filho, um dos professores da disciplina em que o trabalho foi desenvolvido, afirma que “Repensar e inovar o setor de resíduos sólidos é fundamental para alcançarmos os objetivos do desenvolvimento sustentável.”

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