Num policy brief publicado pelo Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, estudantes do programa de Pós-Graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais e pesquisadores do laboratório apresentam possíveis soluções para descarbonizar o setor de transportes de Minas Gerais, que é responsável por 59% das emissões totais do setor de energia do estado.

Segundo eles, se Minas Gerais deseja cumprir com o compromisso firmado ao aderir à campanha Race to Zero, que visa zerar emissões de CO2 no estado, é necessário que ações sejam expandidas para além das contidas na Política Nacional dos Biocombustíveis e no programa RenovaBio. As metas atuais de redução de emissões do programa giram em torno de 200 mil toneladas de CO2-equivalente, ou seja, apenas 0,1% das emissões totais do estado.

A análise revela que um caminho possível seria o investimento em compras públicas de baixo carbono no setor de transportes, ou seja, incorporar o critério de baixa emissão de carbono na realização dos processos licitatórios do setor de transportes no estado de Minas Gerais. Na medida em que as compras públicas movimentam grandes somas (estima-se que 10% do PIB nacional), elas têm poder para acessar um mercado inalcançável para o consumidor comum e estimular a competição e inovação e crescimento da indústria de baixo carbono. Ao longo do tempo, essa ação tem potencial para reduzir preços de tecnologias de baixo carbono e torná-las, então, acessíveis ao consumidor.

Segundo o estudo, embora o governo venha adotando um percentual maior de biodiesel incorporado ao diesel comum ao longo dos anos, os ganhos proporcionados na redução de emissões têm disso suprimidos pela crescente venda de diesel tanto no estado, quanto no país. Caso Minas passasse a utilizar o biodiesel puro em toda frota de ônibus, seria possível reduzir em cerca de 7,6% as emissões do setor de transportes mineiro.

Ainda que fique claro os benefícios da mudança para o biodiesel, os pesquisadores alertam que o aumento da demanda pelo biocombustível não pode ser acompanhado da pressão por abertura de novas áreas de cultivo em áreas de vegetação nativa, o que levaria ao crescimento das emissões em outros setores, logo a um movimento contrário ao objetivo de zerar emissões.

Leia o policy brief completo aqui.