CONTEXTO

Em 2015, no município de Mariana, desencadeou-se o maior desastre ambiental ocorrido no Brasil quando a barragem de Fundão, empreendimento da mineradora Samarco, rompeu-se despejando cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério no rio Gualaxo do Norte, que atingiram o rio Doce trazendo um prejuízo ambiental imensurável. Como forma de mitigar os impactos causados, a Fundação Renova assumiu o compromisso de fornecer R$ 1,1 bilhão para a recuperação de 40 mil hectares de floresta na bacia do rio Doce ao longo de 10 anos, sendo este um dos maiores programas de restauro florestal já realizados em uma bacia hidrográfica no mundo. No intuito de definir sob bases científicas sólidas quais áreas da bacia deveriam ser priorizadas para receber os esforços de recuperação ambiental, foi firmado um convênio entre a Fundação Renova, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Federal de Viçosa, resultando neste projeto.

OBJETIVO

Identificar áreas prioritárias para recuperação ambiental, a partir de definição de parâmetros específicos para a Bacia do Rio Doce e fornecer elementos que auxiliem a Fundação Renova e outras instituições parceiras a realizarem o planejamento e escalonamento das ações de recuperação ambiental.

METODOLOGIA

O estudo emprega um modelo de priorização espacialmente explícito que integra critérios ambientais, sociais e de vocação territorial para identificação de áreas prioritárias para condução da regeneração natural e plantio com e sem fins econômicos, sendo estes o reflorestamento e os sistemas agroflorestais, respectivamente.

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INOVAÇÃO

O estudo utilizou de uma metodologia inovadora que considera não apenas a degradação de uma área, mas também sua vocação para o reflorestamento, ou seja, a aptidão para receber e multiplicar com sucesso o esforço de restauração.

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RESULTADOS

Após estabelecer, individualmente, a vulnerabilidade ambiental, a vulnerabilidade social e a vocação para recuperação ambiental na bacia do rio Doce, foram gerados os mapas finais de priorização para recuperação ambiental.

A distribuição espacial dos índices municipais revela uma maior concentração de áreas prioritárias na porção oeste da bacia do Rio Doce, notadamente nas sub-bacias Piranga, Piracicaba e Santo Antônio. Contudo, o terço médio da bacia, em especial nas sub-bacias Manhuaçu e Suaçuí, também apresenta uma concentração importante de áreas prioritárias para a condução da regeneração natural. Isto pode ser explicado em grande parte pela influência das áreas de média a alta vulnerabilidade ambiental.

O mapa de áreas prioritárias para plantios sem fins econômicos, o reflorestamento, indica maior concentração de municípios prioritários na porção central e sudeste da bacia, principalmente nas sub-bacias do Guandu, Santa Maria e Suaçuí. Como esperado, a presença de áreas de maior vulnerabilidade ambiental contribui decisivamente para este padrão geográfico. As áreas classificadas como muito vulneráveis ambientalmente e socialmente podem ser observadas na porção norte da bacia, indicando áreas importantes para promoção de uma economia baseada na restauração florestal.

O mapa de áreas prioritárias para plantios com fins econômicos revela uma concentração de municípios prioritários nas porções central e leste, principalmente na região capixaba da bacia.  Para que o SAF seja uma das opções de recuperação ambiental devem ser priorizadas as áreas cujo nível de degradação ambiental não alto e que ao mesmo tempo por terem alto índice de vulnerabilidade social alto possam ser socialmente podem ser beneficiadas pelos investimentos de SAFs. Ao mesmo tempo enquanto as demais opções de restauração não dependem de um arranjo produtivo já estabelecido o SAF só é viável em regiões onde existe diversidade da produção agrícola.

Foi proposto que na primeira fase (2019-2021) sejam destinados 4 mil ha para a recuperação ambiental nas áreas de contribuição dos mananciais alternativos em obras, preferencialmente nas unidades de conservação, assentamentos de reforma agrária e terras indígenas. Para isso, será necessário buscar o envolvimento de produtores rurais individuais através da mobilização de entidades locais.

Para a segunda fase (2020-2026) indica-se a recuperação de 36 mil ha nas sub-bacias de alta prioridade dentro dos mananciais alternativos que serão utilizados para a captação de água visando a diminuição da turbidez pelo controle da erosão e regularização hídrica. Nessa fase será importante direcionar ações para a geração de impactos mesuráveis na qualidade e regularização hídrica.